Marketing na fotografia. Por que isso é importante e como fazer?

Quando começamos na fotografia (pelo menos a maioria de nós), pensamos: “Ai que delícia passar os dias com a câmera na mão produzindo cenas lindas!”. Nada mais enganoso. Viver de fotografia demanda uma variedade enorme de habilidades e disposição para lidar com assuntos aparentemente não-fotográficos. Vamos ver onde o marketing se encaixa nisso.

O que é marketing?

De forma livre e bem pessoal, marketing é tornar algo um produto, algo vendável. Esse algo pode ser um serviço, uma ideia, um produto físico ou digital, pode ser até o próprio fotógrafo, a sua marca.

Marketing tem origem na palavra market (mercado). Poderíamos dizer que marketing é “mercadizar” algo.

Podemos fazer fotografia de alto nível sem querer ganhar nada por isso. Apenas pela alegria e prazer do fotografar. Mas quem quer viver de fotografia terá que transformar esse ofício bonito e agradável em algo que também lhe dê dinheiro.

Muito além do ato fotográfico

Para estabelecer um negócio na fotografia é preciso encarar o fato que precisamos gastar tempo e esforço em outras áreas não tão bonitas ou agradáveis mas que são fundamentais para sustentar a empresa.

Negligenciar uma dessas áreas é construir o fim do negócio ou construir um negócio que sobrevive apenas e não floresce.

Finanças: tudo o que se relaciona com o dinheiro. Tanto o dinheiro que entra quanto o dinheiro que sai. Seus preços, custos, orçamentos, política de descontos… seus gastos com campanhas de marketing.

Organização: tudo o que diz respeito a processos, rotinas e boas práticas. Backups, fluxo de tratamento de imagens, cronogramas, calendários, planejamento… de campanhas e ações pontuais de marketing

Atendimento: o seu contato, por qualquer via off-line ou on-line, com o cliente. Frequentemente o atendimento é um dos maiores diferenciais entre fotógrafos que estão bem posicionados no mercado e fotógrafos que vivem correndo atrás de clientes. O atendimento está por todo lugar: no seu site, nas redes sociais, na sua newsletter, nos conteúdos gratuitos que você cria e entrega ao seu público.

Procedimentos técnicos: essa parte nós costumamos gostar mais. Técnica fotográfica, softwares de pós-produção, técnicas novas ou releituras de técnicas antigas, câmeras, lentes…esse mundo é uma delícia! Aqui somos alvo do marketing de outras marcas!

Marketing: é o conjunto de ferramentas e estratégias que trabalham juntas para a atração dos clientes para a sua marca e tudo o que ela representa, aumentando o seu valor e sua visibilidade. O marketing está envolvido em tudo o que fazemos como fotógrafos profissionais. Então, é bom entender disso e minimamente gostar.

O que o marketing não é

  • Marketing não é fazer propaganda.
  • Marketing não é aparecer freneticamente nas redes sociais.
  • Marketing não é fazer divulgações de “oportunidades imperdíveis”.
  • Marketing não é distribuir seu cartão de visita em tudo quanto é lugar.
  • Marketing não é comprado, é construído.

Marketing pode usar eventualmente essas táticas, mas o marketing bem feito e coerente estabelece antes de mais nada uma personalidade para a marca do fotógrafo visando um determinado cliente ideal.

Feito isso o plano de marketing é construído para usar da maneira mais eficiente possível todas as ferramentas off-line e on-line que colaboram para a atração do cliente ideal dentro de uma estratégia clara e predefinida.

Onde o marketing nasce

Quanto estabelecemos o alvo de nos tornarmos fotógrafos precisamos especificar determinadas coisas para que nossas ações sejam efetivas. A primeira delas é a área de atuação dentro desse grande mundo da fotografia.

A segunda é entender que tipo de marca nosso negócio pretende ser. A vocação da marca. Esse passo exige uma certa projeção, imaginação, uma visão de futuro daquilo que nosso trabalho pretende oferecer para o público. Apesar de sermos fotógrafos, é preciso vender mais que fotografia. É preciso vender algo mais nobre que isso.

Tendo passado por essas etapas já é hora de pensar no que a marca se diferencia do que já existe, ou em possibilidades de diferenciação. E isso inclui necessariamente decisões fotográficas (qualidade, tecnologia, estilo) e não-fotográficas, como atendimento, localização/geografia, preços, planos, tipo de entrega, tipo de valor agregado à nossa marca, prontidão, formato de trabalho, formado de contrato… são muitas as possibilidades.

Com essas decisões escritas, definidas, é hora de partir para a seleção de ferramentas e estratégias.

  • Redes sociais: quais e como atuar? Com que frequência? Como organizar esse cronograma de publicações?
  • Site: peça fundamental! Quais as funcionalidades e acessos que os cliente tem através dele? Quais etapas do atendimento o próprio site já pode promover? O cliente percebe o que quando navega por ele?
  • Local de atendimento: virtual? presencial? ambos? Com quais características? Está adequado à persona que quero atender?
  • Contatos: quais vias de contato estabelecemos? e-mail, grupos, whatsapp, telefônico…
  • Conteúdo: quais conteúdos entregamos gratuitamente? Como isso conduz o cliente à compra? O conteúdo está alinhado com o funil de vendas?
  • Parcerias: quem pode unir forças com o meu negócio? Posso delegar alguma parte do processo? Posso estabelecer projetos pontuais? Seria bom ter um sócio administrador? Como isso poder ampliar sua presença em locais onde você ainda não está?

Você e sua marca

Se marketing é “mercadizar” algo, e se a sua marca é, em grande parte, você, pense que seus clientes precisam “comprar” você antes de comprar seus serviços.

O seu bom nome, é uma representação sua. Já parou e tentou olhar com os olhos dos seus clientes para a sua presença nas redes sociais? O que alguém, que não te conhece pessoalmente, pensaria de você ao ver a sua foto de perfil?

Pra muita gente, essa coisa do marketing pessoal é quase patológico, um campo fértil para inflar o ego e extrapolar narcisismo. Pode ser, se você não cuidar disso, que esse aspecto do marketing vire um problema para sua vida.

Mas é importante também pensar nisso. Com equilíbrio e bom senso.

Detalhes como aparência, modos ao falar, erros de português, sinais visíveis de desorganização, respostas grosseiras em redes sociais, confusões desnecessárias sobre assuntos que nada tem a vem com fotografia… tudo isso vai compondo pouco a pouco uma subjetividade a respeito de nós.

Todos temos pontos a melhorar neste aspecto, sempre. É preciso ir crescendo e se desenvolvendo nestes detalhes. O bom profissional de qualquer carreira precisa não apenas ser profissional, mas também parecer profissional.

CHARBEL CHAVES
CHARBEL CHAVES

Fotógrafo e Professor de Fotografia desde 2010. Desenvolve trabalhos autorais, comerciais e educacionais simultaneamente. Autor do livro "Jornada: As histórias que as fotografias contam"

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